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El Incendio y las Vísperas
1995. Heliografia s/ madeira. Foto: Norberto Púzzolo





Esperando a los Bárbaros
1995. Heliografia s/ paredes e madeiras. Foto: Norberto Púzzolo



 


 


Graciela Sacco

Por ela mesma


Interferência

A imagem múltipla e midiatizada às massas abriu outros caminhos no terreno das artes plásticas, permitindo que muitos artistas colocassem suas obras em outros espaços e circuitos. Não seria no âmbito limitado do museu e da galeria que se alojaria o artístico, mas em todos e em cada um dos rincões do cotidiano que a arte pode irromper e se materializar de maneira decidida.

Com a abertura democrática, há mais de dez anos, juntamente com um grupo de artistas compartilhamos a inquietude de reunir as obras dispersas da vanguarda de Rosario, que foi a principal protagonista do Tucumán Arde1. Pela primeira vez, depois de muito silêncio - 16 anos - todo este material nos permitiu armar nossa memória artística e preencher um vazio lamentável na história da arte argentina. A partir daí, acredito que pude pensar e sentir a prática artística de um lugar cotidiano, com uma diferente consciência ética-estética2.

A observação do espaço urbano e da gráfica publicitária também me fizeram reconhecer a colonização visual que se exerce, desde a manipulação dos mass media; que as estratégias estéticas da rua interagem com cada cidadão e que a imagem artística contemporânea é uma imagem política; política enquanto assume seu tempo estética e artisticamente3.

Não há dúvida de que o discurso da imagem hegemônica atual é gerado a partir do desenvolvimento da tecnologia de ponta, da multiplicidade, do uso estratégico dos espaços públicos e privados, e que assenta suas bases na superioridade de uma cultura que privilegia substancialmente o icônico.

A prática artística que se compromete com seu tempo tem a possibilidade de interferir nesse discurso. A imagem que interfere provoca uma perturbação, habita os interstícios, surge da memória dos objetos e das pessoas; é politicamente crítica, quando questiona o poder em relação à condição humana, a ordem estabelecida, a atitude formal que a materializa. Trata-se de mostrar que, entre esse vazios, habitam outras formas, outros discursos, outros sons, que questionam e colocam em dúvida. Seria conveniente se perguntar: o sistema mente?

Em meu caso, a produção de objetos, geradora de imagens, é concebida como testemunho que permanece no espaço interior. A imagem gerada a partir deles, estabelecida quase em sua totalidade como múltiplo, deu curso à sinalização do espaço urbano, aos Heliomontajes, que interferem, se metem, se confundem entre os anúncios circulantes, na saturação do entorno manipulado, espreitam nas ruas, se apropriam dos espaços de um postal; seu suporte é um cartaz, uma estampilha ou a tevê. A justaposição de imagens anuncia e denuncia. Outras vezes estas imagens são capturadas de forma instantânea em situações reais. A apropriação que faço delas e sua inscrição em outro contexto ou atitude as transforma em proposta artística. Desse modo, o íntimo é público e o público pode ser apropriado pelo privado.

A desmaterialização de objetos materializa imagens. Imagens e conceitos nos dão conta do mundo e compartilham o impacto da interferência.

1. Obra-denúncia realizada durante a ditadura militar do general Onganía, em 1968, em Rosario e Buenos Aires. O aspecto mais interessante é o uso original que se faz dos mass media, criando um circuito de contra-informação. Seu protagonista foi um grupo de artistas - fundamentalmente - de Rosario e Buenos Aires. Sacco-Sueldo: Tucuman Arde, Argentina, 1987.
2. Renzi, Juan Pablo: "A obra de arte como produto da relação consciência ética-consciência estética", (tentativa de fundamentação do temário apresentado no Primer Encuentro Nacional de Arte de Vanguardia, 1968). Documento.
3. "...ser política para uma imagem seria menos uma questão de conteúdo, de tema, que uma questão de forma. A política não se reduz à ação de tomar o poder, de governar ou administrar o Estado ou a cidade; ela não pode dar conta do poder, mas do mundo...". Rouillé, André: La recherche fotographique, Politique/Critique, nº 19, Paris Audiovisuel, Automme, 1995.



Cronologia


Nasceu em Chañar Ladeado, Argentina, em 1956. Graduou-se em Belas-Artes pela Universidade de Rosario, Argentina. Vive e trabalha em Rosario.


Exposições individuais e coletivas

1994
Urban Intervention I: Public Schools Marks, Rosario, Argentina; Urban Intervention II: Bocanada, Rosario, Argentina.
1993
Ventanas, Seis and a Remorse to the Heaven, instalação, Casal of Catalunya, Buenos Aires, Argentina; Transporte Critica, instalação, Museum Sivori, Centro Cultural Recoleta, Buenos Aires, Argentina; Transporte Critica, Centro Cultural Bernardino Rivadavia, Rosario, Argentina.
1992
500 Repression Years, arte postal, Museo Sivori, Centro Cultural Recoleta, Buenos Aires, Argentina; Grafica Alternativa, Museo Sivori, Centro Cultural Recoleta, Buenos Aires, Argentina.
1991
La Line Roja, Series of the Anounced Maja, heliografias, Museo Municipal de Bellas Artes Juan B. Castagnino, Rosario, Argentina.
1990
Tomarte, First Alternative Biennial Encounter of Art, arte postal/mail-art, Centro Cultural Bernardino Rivadavia, Rosario, Argentina; Banner Exhitibion, Shopping Center Spinetto, coordenada por Fernando Bedoya, Buenos Aires, Argentina.
1986
New Vision of the Engraving, Institute Jung, Buenos Aires, Argentina; Concierto, instalação, General Cultural Center San Martin, Buenos Aires, Argentina.
1985
Xilo, al Encuentro de la Xilografia, exposição coletiva, Museo de Arte Moderno de La Plata, Argentina; Contra-Accion Verde, intervenção urbana, Memmorial Flag, Rosario, Argentina.
1984
International Seminar of Mail Art and Latin American Association and of the Caribbean of Mail-Artists, Centro Cultural Bernardino Rivadavia, Rosario, Argentina.
1983
Jovenes Artistas se Manifiestan, exposição coletiva, Centro Cultural Bernardino Rivadavia, Rosario, Argentina; Biennial Salon Arche, Museo Nacional de Belas Artes, Buenos Aires, Argentina; Version de Madera y Trapo para un Tiempo Cualquiera, instalação, Centro Cultural Bernardino Rivadavia, Rosario, Argentina; Sobre Historias, Magia y Demas Deudos, Space of Art of the Pje. San Telmo, Rosario, Argentina; The Struggle for the Human Rights, exposição coletiva, Centro Cultural Bernardino Rivadavia, Rosario, Argentina; Rosarinos en Buenos Aires, Arche Foundation, Buenos Aires, Argentina; Homage to the Recording Carlos Pamparana, La Plata, Argentina; Al Margen, grafic file organized by Associated Plastics Artistics (APA), Centro Cultural Bernardino Rivadavia, Rosario, Argentina; Museo Provincial de Bellas Artes Dr. Pedro Martinez, Paraná, Brasil.
1982
Testigos Blancos, instalação urbana, Plaza Santa Cruz, Rosario, Argentina.
1980
Collective Exhibition in the School Superior of Fine Arts, Fac. of Humanity and Arts U.N.R.


Prêmios
1994
Bolsa de estudos, Fondo Nacional de las Artes, Buenos Aires, Argentina.
1993
Bolsa de estudos, Secretaria de Cultura de la Provincia de Santa Fe, Argentina.
1993
Financial Assistance to the Artistic Creation, Antorchas Foundation, Buenos Aires, Argentina.
1992
Menção especial, Alianza Francesa de Rosario, Rosario, Argentina.
1991
Menção especial, XXIV Annual Salon of TS of Rosario, Museo Municipal de Bellas Artes Juan B. Castagnino, Rosario, Argentina.
1989/91
Bolsa de estudos pela Unesco, Consejo de Investigaciones y Ciencias Técnicas.
1988
Salon Anual de Arte Moderno - Amigos de Arte, 2o prêmio Museo Municipal de Bellas Artes Juan B. Castagnino, Rosario, Argentina.
1984
Menção especial, XXIII Annual Salon of Artists of Rosario, Museo Municipal de Bellas Artes Juan B. Castagnino, Rosario, Argentina.