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Sem título
1996. Instalação. Grafite s/ papel, 120X80 cm cada unidade





Drill Exercise
1996. Performance



 


 


Gabriel Klasmer

Por Galia Bar Or


Desmaterialização da Arte no Fim do Milênio
Desmaterialização e particularidade

A desmaterialização no fim do milênio certamente se expressa por meio de uma mudança gradual de todas as nossas concepções do que é 'o material' (como substantivo adjetivado), e da forma como é considerado diariamente depois das confrontações diárias com as realizações práticas propiciadas pela revolução industrial. Tudo isso parece levar, inexoravelmente, à desmaterialização na forma de um mundo de simulacro total. Nossa discussão, porém, tem por base uma abordagem oposta: a desmaterialização como forma de retomar a particularidade. Na verdade, escolhi o projeto de Gabriel Klasmer porque ele lida com a desmaterialização da arte e também se relaciona com a história recente; e, o que é mais importante, introduz momentos de particularidade ao focalizar a experiência ativa frente ao trabalho que é produzido por meios mecânicos, por processos desimportantes.

Na década de 70, Gabriel Klasmer colaborou em atividades conceituais que enfocavam a exploração do conceito de limite - mental e corporal - desafiando os cânones estéticos pela decomposição orgânica. Nesse período, a atividade conceitual era uma tendência importante em Israel, pioneira em seu objetivo, qualidade e caracterização. Nesse período, pouco antes de Guerra do Yom Kippur (1973), ocorreram mudanças radicais nas estruturas internas da identidade e nas bases do epistema que estrutura o relacionamento entre a linguagem e o mundo.

No fim da década de 70 ocorreu uma ruptura entre o particular e o geral; foram duas as opções principais. Por um lado, a opção social aprofundou seu controle sobre a situação específica no significado político que estava implícito na função do artista, que passa a criar, a partir da atividade do seu grupo, um território de resistência crítica a qualquer forma de imposição manipuladora de padrões de identidade.

O trabalho de Gabi Klasmer nas duas últimas décadas mostra uma opção pela segunda alternativa - a da atividade individual. A instalação é uma nova abordagem operacional frente à pintura e à escultura.

Durante a década de 70 o confronto entre 'representação' e 'mundo' expressou-se a partir da idéia de que os objetivos possuem 'significado', que existe um mundo e que a questão é a reformulação da linguagem e de sua função. A partir do fim da década de 70, Klasmer não se conforma mais com o processo de chegar a uma conclusão, com a discussão intelectual analítica. Considera que a esperança está em que a pintura, a escultura e a arte performática ultrapassem o 'conhecimento' e cheguem a uma experiência dialética ativa. O que ele procura não é a imagem ótica e sim diluir a dimensão corporal frente à superfície do trabalho que se estende pelo espaço ou um acontecimento que mostre o tempo enquanto elimina a sua linearidade. Suas performances, por exemplo, mudaram radicalmente com a utilização de recursos de pós-produção de vídeo, fato que cria uma nova e diferente seqüência de tempo - movimentando-se para trás, diminuindo e aumentando o ritmo (Drill Exercise, performance de 1996). O vídeo como tela estabelece uma opção que preserva a dialética: objeto/não-objeto, anárquico e caótico, ordem e simetria.

Esse é também o princípio das esculturas de Klasmer, que se baseiam no movimento circular cinético de um objeto tridimensional. A dimensão do movimento circular - fato que permite que sejam mostrados todos os ângulos do objeto - elimina a terceira dimensão criando uma ilusão bidimensional. No entanto, em alta velocidade, o objeto se desfaz deixando uma presença sem nenhuma visibilidade ótica precisa. A experiência ativa do espectador provém da existência simultânea de uma contradição - um método mecanicista que cria uma exclusividade de produtos e, dessa forma, inesperadamente, surge o lampejo de um momento de particularidade. Localizar o particular em um mundo que não mais admite definições dicotômicas, e onde não existe um apoio existencial é o desafio que a desmaterialização da arte neste fim de milênio se esforça por enfrentar.



Cronologia


Nasceu em Jerusalém em 1950. De 1990 a 1994 morou em Londres e atualmente mora e trabalha em Jerusalém. Estudou na Bezalel Academy of Arts and Design em Jerusalém e no Royal College of Art em Londres. Desde 1995 é professor do Design Studies Center em Tel Aviv. Participou de diversas exposições coletivas em Israel, na Europa e nos Estados Unidos e apresentou exposições individuais em Israel, Bélgica e Estados Unidos.


Exposições individuais

1990
Givon Gallery, Tel Aviv, Israel.
1989
Gimel Gallery, Jerusalém, Israel.
1986
Fisher Gallery, University of Southern California, Los Angeles, Estados Unidos.
1984/85
Gallery X+, Bruxelas, Bélgica.
1983
The Tel-Aviv Museum, Helena Rubinstein Pavilion, Tel Aviv, Israel; Gabi Klasmer, Paintings, The Israel Museum, Jerusalém, Israel.


Exposições coletivas

1993
Tropic Subtropic Ultima, Tel-Aviv Museum, Tel Aviv, Israel; Düsseldorf Great Artists Exhibition, Grosse Kunst Austellung, Alemanha; We are Here (Wir Hir), Düsseldorf Alemanha; 4 Artists', Todd Gallery, Londres, Inglaterra; Givon Art Gallery, Tel-Aviv, Israel.
1992
Combined Painting, Collage Object, Givon Gallery, Tel Aviv, Israel; Routes of Wandering, Israel Museum, Jerusalém, Israel; Tel-Aviv University Gallery, Berlin Kunsthalle Germany, Positionen Israel, Berlim, Alemanha.
1991
Six Artists from Israel, Delta Gallery, Düsseldorf, Alemanha; The Fine Art Degree Show, Royal College of Art, Londres, Inglaterra; Art in Israel Today, The Detroit Institute of Arts, Detroit, Estados Unidos; Museum of Modern Arts, Hara Museum, Hara, Japão; Makom, Seoul Museum, Ramat-Gan, Israel.
1990
Kunsthalle, Düsseldorf, Alemanha; Binationale Israel/URSS, Central House of Artists, Moscou, Rússia.
1989
Kalisher 5, Tel Aviv, Israel; Israeli Art, Jewish Museum, Nova York, Estados Unidos; Education Minister Prize Exhibition.
1988
Neun Israelische Maler, Kunsthaus, Zurique, Suíça; Orangerie Herrenhausen, Hannover, Alemanha; Fresh Paint: The Younger Generation in Israeli Art, The Tel-Aviv Museum and The Israel Museum, Jerusalém, Israel.
1986
Israel Art Today, The Concerned Eye, Port of History Museum, Filadélfia, Estados Unidos; Color Territories, 42ª Biennale di Venezia, Pavilhão de Israel, Veneza, Itália.
1985
Kunst in Israel, 1906-85, Koninlijk Museum voor Schone Kunsten, Antuérpia, Bélgica.
1984
Contemporary Art from Israel, Israel Arts Festival, Chicago, Estados Unidos.
1983
XVII Bienal Internacional de São Paulo, São Paulo, Brasil.
1982
Here and Now, The Israel Museum, Jerusalém, Israel.


Prêmio

1992
Barclays Young Artist Award, Serpentine Gallery, Londres, Inglaterra.